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De repente, trinta. E um dia sorrateiramente acordei com uma década de vida a mais. Os virtuosos vinte chegaram ao fim. Fiquei velha demais para agir de maneira inconsequente, pois espera-se que eu já seja uma adulta formada, e jovem demais para parar de viver. Ainda há muito o que fazer, então continuei.
Dizem que os trinta são os novos vinte, o mundo está em constante transformação, o tempo se dilata, a medicina evolui e demoramos muito mais para envelhecer o corpo e a mente. Nossos pais na casa dos vinte já tinham muito mais conquistas materiais do que nós nessa mesma idade, é verdade. Mas nós, dessa Geração Y e Millenials, não chegamos lá tão cedo pois ainda estamos em “processo de gestação emocional”, justificam os especialistas. É tudo muito difícil de lidar.
Os anos passam, passamos por muitas coisas e com os anos também passam as pessoas. Não importa a idade que temos, são nossos amigos que juntos atravessam a vida conosco, independente de quanto tempo fiquem ou há quanto tempo tenham chegado. Aos trinta e poucos eles nem sempre estão em grande quantidade quanto em anos anteriores, nem é muito fácil fazer amigos novos também, e tudo bem.
Mudamos, nos mudamos, vamos vivendo. Nossas prioridades já não são as mesmas de quando os encontramos, nossa disposição para vínculos novos também não. Com sorte e planejamento, continuamos no decorrer da vida nos reencontrando na medida do possível, envelhecendo nas amizades que fizemos mais cedo, cultivando novos afetos de acordo com o que as demais responsabilidades permitem, curtindo a sazonalidade de compreender que com o tempo as coisas vão tomando outras formas, sendo como elas podem ser e não como queremos que sejam.
É sempre possível escrever nossa história criando novas e boas memórias com as pessoas que aprendemos a amar e escolhemos levar pelo caminho. Elas são alicerces fundamentais na construção do nosso eu e do entendimento de quem somos como seres humanos. Como diz Sartre em O Existencialismo é um Humanismo:
“Para obter uma verdade qualquer sobre mim mesmo, é preciso que eu passe pelo outro. O outro é indispensável à minha existência, tanto quanto, aliás, ao conhecimento que tenho de mim mesmo.”
Os especialistas estão certos: estamos gestando emoções ainda. Sentir e fazer sentido tem sido nessa fase tão ou mais importante do que acumular bens e constituir família cedo. E que bom ser a geração que tem liberdade para fazer isso, que não é apenas sugada por imposições sociais.
Nossas conquistas podem estar em valorizar o que merece ser valorizado. Aproveitar que o tempo passa diferente por esses tempos e construir além de conquistas físicas, novas experiências, novas vivências, novas lógicas para existir, se relacionar e dar valor ao que tem valor.
Aos trinta e poucos, as amizades que cultivamos são o bem maior que fica depois de tudo que já passou, e também, a esperança que resta diante de toda incerteza do que ainda está por vir.
Ofereço esse texto a todos os amigxs queridxs que estão comigo nessa caminhada. Que mesmo a distância acreditam no meu potencial me fazendo acreditar em mim também, para continuar tentando, todos os dias.
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Essa newsletter (quase sempre) quinzenal é um espaço onde expresso minhas ideias e as compartilho com o mundo, enquanto descubro tudo que posso ser na escrita e de quebra te conto umas histórias.
Logo logo estou chegando nessa fase! Por isso também foi ótimo ler o seu texto, além da curiosidade que sempre tenho com sua forma de descrever as coisas. Parabéns pelos 30 anos e por todos os outros que virão!