Hoje vou te contar sobre: processo produtivo
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"Eu nunca mais vou conseguir escrever de novo''.
É o que eu penso muitas vezes quando termino um texto ou tento começar um novo. Mesmo tendo uma lista enorme de possibilidades, que anoto sempre que me vem uma ideia nova à mente, em vários cantos possíveis, muitas vezes é difícil achar que tenho algo de verdade para falar ou até mesmo que eu consiga processar aquele tema até extrair dele algo que valha a pena ser lido.
Se você está lendo isso, deve saber que eu estou errada sobre a afirmação acima. Hora ou outra, depois de um processo criativo turbulento, com surtos, longas pausas e muitas vezes até uma faxina no meio, possivelmente eu vou conseguir escrever algo de novo e reiniciar esse ciclo vicioso de duvidar de mim mesma, seja por bloqueio criativo, seja por síndrome da impostora.
Desde que eu voltei a escrever ando me cobrando produtividade como se eu fosse paga pra isso. Como uma vilã macabra, eu mesma me açoito dia e noite para não baixar a guarda e não deixar o impulso da criação ir embora. Mesmo que ele não dê as caras por alguns dias, e se ele aparecer do nada? Se ele surgir como um pokémon raro e eu estiver sem nenhuma master ball para capturá-lo?
Nenhuma cobrança é pior que a auto cobrança. De repente todos os filmes envolvendo escritores surtados no processo de escrever seus livros começaram a fazer muito mais sentido.
Criar é gestar e parir ideias, o que pode ser lento e doloroso, já que todo texto é um parto, o meu parto. Escrever para mim é como desembaraçar um emaranhado de informações que existem de maneira confusa dentro da minha cabeça e dar luz a algo que até então, não existia.
Quando precisei colocar o meu processo de criação no papel, acabei me dando conta que na verdade existem dois momentos de pausa cruciais na minha rotina produtiva que não são enrolação. Renomeá-los para "reflexão" e "incubação" mudou tudo. Afinal, nem sempre é procrastinação.
Além dos hiatos necessários, outra parte é fundamental: o começo, e ele não pode existir sem um estímulo. É no estímulo que as ideias são plantadas, na reflexão que elas são regadas e pausa para um café que elas começam a florescer, para então ganhar vida própria, e a partir daí, se tornar o que elas tem que ser.
A criatividade é uma criaturinha faminta que precisa estar sempre sendo alimentada. Pode ser através de longas conversas, de um bom entretenimento, da observação do cotidiano, ou o que quer que funcione para manter sua mente ativa. É assim que os novos rumos são criados, afinal, nenhum bloqueio criativo dura para sempre.
“stay hungry, stay foolish“
Steve Jobs
Há sempre uma folha em branco esperando ser preenchida com novas histórias. E mesmo que às vezes não pareça possível, mesmo que eles sejam difíceis, sempre haverão novos começos, que podem se tornar mais leves se assim tratarmos a nós, aos nossos processos individuais e, especialmente, a eles.
Me conta sobre o seu processo criativo, vou adorar saber:
Dois filmes sobre escritores
Um clássico do problemático Woody Allen, estrelado por ele mesmo. Harry Block é um escritor de sucesso que é convidado para receber uma homenagem na mesma universidade que um dia o rejeitou. Enquanto se prepara para a viagem, Harry é confrontado pelos seus personagens ficcionais, bem como pelas pessoas reais que não querem ter nada a ver com ele. O escritor percebe o quanto suas histórias afetaram as pessoas a seu redor.
Monsieur & Madame Adelman (2017) - Tem na Netflix
Um delicioso filme francês. Sarah e Victor são casados há mais de 45 anos. Sarah, antes uma estudante brilhante, passou a viver à sombra de seu marido, escritor. Amor, ambição e segredos alimentam a odisseia deste casal.
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Amei o texto. Me ajudou a compreender que o processo é (quase sempre) algo muito pessoal; que basear-se no método alheio pode ser uma armadilha que nos jogará no calabouço da auto cobrança - que também, assim como você, presumo ser a pior das cobranças. Aliás, estou lendo o "Essa Gente", do Chico Buarque, livro que também retrata a história de um escritor frustrado. Acho que você pode gostar. Um abraço!